Entre a ostentação do discurso e a miséria das práticas: implicações para o corpo e a educação física escolar no ensino básico no séc. XXI
DOI:
https://doi.org/10.26843/v12.n1.2019.652.p108-124Palavras-chave:
Corpo, Ensino Básico, Educação Física, Metodologias de EnsinoResumo
Uma das mais marcantes características da sociedade contemporânea é a transformação de fatos e ocorrências cotidianas em espetáculos. A cultura da ostentação perpassa praticamente todos os contextos sociais, inclusive o educacional. Próximos do fim da segunda década do século XXI, há uma crescente onda de exacerbação do discurso pedagógico nos estabelecimentos de ensino que, infelizmente, não vem acompanhada de igual aprimoramento técnico e metodológico das práticas educativas. Interessa-nos, especificamente, o impacto desta ostentação no discurso praticado no âmbito da Educação Física escolar e os desdobramentos e implicações no corpo dos alunos que frequentam o ensino básico. O objetivo deste trabalho de revisão de literatura é debater se, e em que medidas, o distanciamento entre a qualidade do discurso e a qualidade das aulas, de Educação Física, influencia o desenvolvimento de identidades corporais durante todo o percurso de escolarização. Os principais apontamentos da literatura sugerem que a constituição de cidadãos corporalmente cultos, competentes, críticos, entusiastas e saudáveis dar-se-á se, e somente se, as aulas de Educação Física se configurarem como espaços genuínos de experimentação, aprendizado, sucesso, diversidade e possibilitarem a superação de modelos metodológicos que privilegiam a observação, a fila, a exposição e a mutua comparação. O que se propõe é uma urgente e necessária revisão técnica e metodológica dos modelos fossilizados de ensino, tendo como orientação princípios e variantes do MODELO STEP.
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