Educação antirracista: um convite à insubordinação criativa
Palavras-chave:
educação antirracista, práticas educativas, docentes, insubordinação criativaResumo
O ato de oposição ao status quo, ou ao estado das coisas, pode ser considerado uma posição insubordinada. No que se refere à educação básica brasileira, os modelos e práticas estiveram entrelaçados por muito tempo aos parâmetros eurocêntricos e a uma historiografia segundo a versão do colonizador. Foi preciso que os movimentos sociais lutassem e pressionassem para que leis fossem criadas a fim de que as escolas inserissem nos currículos a contribuição da história e cultura afro-brasileira e indígena na formação da sociedade brasileira, até então negada e desconhecida por grande parte dos estudantes. Este trabalho apresenta, inicialmente, reflexões quanto a necessidade urgente de práticas educativas que contemplem a luta antirracista, traçando de forma histórica a inserção dos negros no sistema educacional brasileiro como um ato em si insubordinado, que rompe com as aspirações sociais e políticas no decorrer da História e, ainda, aponta para a relevância do docente que, inserido na luta pela educação democrática e antirracista, visando a qualidade de vida e de aprendizagem dos educandos, rompe com os padrões eurocêntricos enraizados no sistema educacional brasileiro e de forma ética se apresenta insubordinado criativo, correspondendo ao convite que se estabelece no cotidiano de sua prática e encontra nas diretrizes e referenciais em torno das relações étnicoraciais, ferramentas a favor do fazer docente. Tendo como base metodológica a pesquisa bibliográfica, serão conceituados os termos relacionados à educação antirracista e insubordinação criativa a partir de autores como Kabenguele Munanga, Nilma Lino Gomes, Lia Vainer, Beatriz D
Downloads
Referências
ALMEIDA, C. R. S.; ARONE, M. Autoformação, condição humana e dimensão estética. EccoS, São Paulo, n. 43, p. 97-113, maio/ago. 2017.
ALMEIDA, Silvio Luiz de. Racismo estrutural . São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996. http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12907:legislacoes&catid=70:legislacoes. Acesso em 10 de novembro de 2020.
BRASIL. Lei 10.639/2003, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº 9. 394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília.
BRASIL. Lei 11.645/08 de 10 de Março de 2008. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília
BRASIL Ministério da Educação /Secretaria da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; Orientações e Ações para a Educação das Relações ? tnico ? Raciais. Brasília: SECAD, 2006.
BRI? O, G. F. A pesquisa narrativa autobiográfica de uma professora de matemática: aproximações com a insubordinação criativa. Revista de Ensino de Ciências e Matemática, v. 8, n. 4, p. 31-49, 21 dez. 2017.
D? AMBROSIO, B. S. A subversão responsável na constituição do educador matemático. In: OBANDO, G. (Ed.). 16º Encuentro Colombiano de Matemática Educativa. Bogotá: Associación Colombiana de Matemática Educativa. p. 1-8.
D? AMBROSIO, B.S.; LOPES ,C. E. Trajetórias de educadoras matemáticas. Campinas: Mercado de Letras, 2014. (Coleção Insubordinação Criativa).
D? AMBROSIO, U. Insubordinação criativa na educação e na pesquisa das disciplinas à transdisciplinaridade. In: D? AMBROSIO, B. S.; LOPES, C. E. Vertentes da subversão na produção científica em educação matemática. Campinas: Mercado de Letras, 2015.
D? AMBROSIO, B. S.; LOPES, C. E. Insubordinação criativa: um convite à reinvenção do educador matemático. Bolema, Rio Claro (SP), v. 29, n. 51, p. 1-17, 2015.
DANTAS, Carolina Vianna; MATTOS, Hebe; ABREU, Martha (Org.). O Negro no Brasil: trajetórias e lutas em dez aulas de história. Rio de janeiro: Objetiva, 2012.
FONSECA, Marcus Vinicius; DE BARROS, Surya AAronovich pombo (Org.). História da educação dos negros no Brasil. Niteroi: EdUFF, 2016.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia ? saberes necessários à prática educativa. 31 ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2005.
GALLO, S. Em torno de uma educação menor. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 2, n. 7(2), p. 169-178, jul/dez. 2002.
GARNICA, A. V. M. Insubordinar-se criativamente:inícios, continuidades e (re)inícios. In: D? AMBROSIO, B. S.; LOPES, C. E. (Org.). Trajetórias profissionais de educadoras matemáticas. Campinas: Mercado de Letras, 2014. p. 17-22 (Apresentação).
GOMES, Nilma Lino. Relações étnico-raciais, educação e descolonização dos currículos. Currículo sem fronteiras, v. 12, n. 1, p. 98-109, jan/abr 2012.
GUTIERREZ, R. Mathematics teachers using creative insubordination to advocate for student understanding and robust mathematical identities. In: MARTINEZ, M.; CASTRO SUPERFINE, A. (Ed.). Proceedings of the 35th annual meeting of the North American Chapter of the Inter-national Group for the Psychology of Mathematics Education. 35th Chicago, IL: Proceedings? ? Chicago, IL: University of Illinois at Chicago, 2013. p. 1248-1251.
HOOKS, B. Ensinando a transgredir: a educação como prática da Liberdade. Trad. Marcelo Brandão Cipolla ? São Paulo: Martins Fontes, p. 18, 2013.
HUTCHINSON, S. A. Responsible subversion: A study of rule-bending among nurses. Scholarly Inquiry for Nursing Practice: an International Journal, Nova York, v. 4, n. 1, p. 3-17, 1990.
LONGO, C. Nós nos constituímos naturalmente insubordinados e, assim, nosso trabalho também... Ousadia criativa nas práticas de educadores matemáticos. In: D? AMBROSIO, B. S.; LOPES, C. E. (Org.). Campinas: Mercado de Letras, 2015. p. 103-131.
MACIEL, Cleber da Silva. Discriminações raciais: negros em Campinas. Campinas: CMU/Unicamp, 1997.
MORRIS, V. C.; CROWSON, R. L.; HURWITZ JR., E.; PORTER-GEHRIE, C. The urban principal: discretionary decision-making in a large educational organization. 1981. Disponível em:
MUNANGA, Kabengele. (Org.). Superando o Racismo na Escola. Brasília: MEC- SECAD, 2005.
MUNANGA, K. Nosso Racismo é um crime perfeito. Fundação Perseu Abramo, São Paulo.2010. Disponível em: https://fpabramo.org.br/2010/09/08/nosso-racismo-e-um-crime-perfeito-entrevista-com-kabengele-munanga/ Acesso em 26 nov.2020.
OLIVEIRA, Luiz Fernandes de; CANDAU, Vera Maria Ferrão. Pedagogia decolonial e educação antirracista e intercultural no Brasil. Educ. rev., Belo Horizonte , v. 26, n. 1, p. 15-40, abr. 2010. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-46982010000100002&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 28 out. 2020. https://doi.org/10.1590/S0102-46982010000100002.
ORTIG? O, M. I. R.; OLIVEIRA, R. L. Diferença e insubordinação criativa: negociando sentidos com a avaliação. Rencima, São Paulo, v. 8, n. 4, p. 91-105, 2017.
PINTO, Regina Pahim. Movimento Negro e educação do negro: a ênfase na identidade. Cadernos de pesquisa. São Paulo: Fundação Carlos Chagas, n. 86, ago. 1993.
SANTOS, Anderson Oramísio; COSTA, Olga Helena da. Relações étnico-raciais na Educação Infantil: implementação da Lei 10.639/2003.
SCHUCMAN, L. V.. Famílias Inter-raciais: tensões entre cor e amor. 1. ed. Salvador: EDUFBA, 2018. v. 1.
SINGER, Helena. República de crianças: sobre experiências escolares de resistência. Ed. rev., atual. e ampl. Campinas: Mercado das Letras, 2010.
SILVA, Ana Célia da. Estereótipos e preconceitos em relação ao negro no livro de Comunicação e Expressão de 1º grau, nível I. Projeto de pesquisa. Cadernos de Pesquisa. Fundação Carlos Chagas, nº 63, 96-98, São Paulo, 1987, p. 96-98.
SILVA, Ana Célia da. A representação social do negro no livro didático : o que mudou ? por que mudou? / Ana Célia da Silva. ? Salvador : EDUFBA, 2011.
SOUZA, Rosa Fátima. Espaço da Educação e da Civilização: Origens dos Grupos Escolares No Brasil. In: SAVIANI, Dermeval. O Legado Educacional do Século XIX. São Paulo: Autores Associados, 1998.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Ao submeter uma obra à apreciação e possível publicação na revista @mbienteeducação o(s) autor(es) declaram ceder os direitos autorais da mesma dentro das regras da "atribuição 3.0 Brasil" da CREATIVE COMMOMS QUE PODE SER CONSULTADA NO ENDERE? O http://creativecommons.org/licenses/by/3.0/br/ inclusive o que consta na integra da licença jurídica que também pode ser consultada no endereço: http://creativecommons.org/licenses/by/3.0/br/legalcode