PERSPECTIVAS SOBRE O ISOLAMENTO SOCIAL E A PANDEMIA NO ENSINO SUPERIOR


PERSPECTIVAS DE LOS IMPACTOS Y REFLEXIONES DEL AISLAMIENTO SOCIAL Y LA PANDEMIA EN LA EDUCACIÓN SUPERIOR


PERSPECTIVES OF THE IMPACTS AND REFLECTIONS OF SOCIAL ISOLATION AND THE PANDEMIC IN HIGHER EDUCATION


José Anderson SANTOS CRUZ1

José Luís BIZELLI2 Thaís Vargas BIZELLI3


RESUMO: Desde março de 2020, medidas de controle da transmissão do COVID-19 –

suspensão de atividades, isolamento social, uso de máscaras e testagem em massa da população

– provocaram consequências na Educação: suspensão de aulas presenciais, instabilidade organizacional, precariedade de respostas pedagógicas à fase emergencial e migração para metodologias digitais, com resultados negativos e segmentados no público estudantil. Os alunos foram obrigados a adequar sua realidade doméstica – espaços, rotinas, dinâmicas familiares, meios digitais disponíveis – ao Ensino Emergencial Remoto, aprofundando a exclusão e a desigualdade. A pandemia escancarou os problemas estruturais brasileiros sedimentados a partir de sua divisão de classes. A pandemia e os problemas socioeconômicos descritos favoreceram o clima de ansiedade e distanciamento dentro das universidades. Mesmo aquelas que já vinham trabalhando metodologias ativas, mediadas pela tecnologia, esbarraram na falta de planejamento, na educação para o uso dos meios digitais, na precariedade das condições materiais de existência de parte significativa dos alunos, que deixaram de participar das aulas devido a problemas correlatos à situação: insônia, pânico e depressão.


PALAVRAS-CHAVE: Pandemia. COVID-19. Educação. Ensino a distância.


RESUMEN: Desde marzo de 2020, las medidas de control de la transmisión del COVID-19 - suspensión de actividades, aislamiento social, uso de mascarillas y pruebas masivas a la población- han tenido consecuencias en la Educación: suspensión de las clases presenciales, inestabilidad organizativa, precariedad de las respuestas pedagógicas a la fase de emergencia y migración a metodologías digitales, con resultados negativos y segmentados en el público estudiantil. Los estudiantes se vieron obligados a adaptar su realidad doméstica -espacios, rutinas, dinámicas familiares, medios digitales disponibles- a la Educación de Emergencia a


1 Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (ESALQ), Piracicaba – SP – Brasil. Doutor em Educação Escolar, FCLAr/Unesp. Editor Adjunto e Executivo da RIAEE. Professor Orientador PECEGE – MBA/USP ESALQ. Editor da Editora Ibero-Americana de Educação. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5223-8078. E-mail: andersoncruz.unesp@gmail.com

2 Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara – SP – Brasil. Livre docente. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6634-1444. E-mail: jose.bizelli@unesp.br

3 Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara – SP – Brasil. Doutoranda em Educação Escolar (FCLAr/UNESP). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8127-5257. E-mail: thaiscontev@hotmail.com


Distancia, profundizando la exclusión y la desigualdad. La pandemia dejó al descubierto los problemas estructurales brasileños sedimentados en su división de clases. La pandemia y los problemas socioeconómicos descritos favorecieron un clima de ansiedad y distanciamiento dentro de las universidades. Incluso aquellos que ya venían trabajando con metodologías activas, mediadas por la tecnología, se encontraron con la falta de planificación, de educación en el uso de los medios digitales, la precariedad de las condiciones materiales de existencia de una parte importante de los alumnos, que dejaron de participar en las clases por problemas relacionados con la situación: insomnio, pánico y depresión.


PALABRAS CLAVE: Pandemia. COVID-19. Educación. Enseñanza a distancia.


ABSTRACT: Since March 2020, measures to control the transmission of COVID-19 - suspension of activities, social isolation, masks, and mass testing of the population - have had consequences in Education: suspension of face-to-face classes, organizational instability, precarious pedagogical responses to the emergency phase, and migration to digital methodologies, with negative and segmented results in the student population. Students were forced to adapt their domestic reality - spaces, routines, family dynamics, available digital media - to the Emergency Remote Learning, deepening exclusion and inequality. The pandemic exposed the Brazilian structural problems sedimented from its class division. The pandemic and the socioeconomic problems described favored a climate of anxiety and distancing within universities. Even those that had been working with active methodologies, mediated by technology, ran into a lack of planning, education for the use of digital media, and the precariousness of the material conditions of existence of a significant part of the students, who stopped participating in classes due to problems related to the situation: insomnia, panic and depression.


KEYWORDS: Pandemic. COVID-19. Education. Distance learning.


Introdução


Desde janeiro de 2020, o surto de doença respiratória COVID-19 – emergência de Saúde Pública internacional – foi definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como pandemia de disseminação comunitária e planetária. De acordo com Oliveira et al (2021), para minimizar a disseminação e o número de mortes, foram recomendados o isolamento social, o tratamento dos casos identificados, a realização de testes massivos e o distanciamento social.

As desigualdades sociais do Brasil se somam à pandemia e as consequências da COVID- 19 têm caráter de classe, já que o ensino remoto emergencial levou muitos estudantes a apresentarem queda na aprendizagem por questões econômicas.

A OMS (2020) destacou a América do Sul – ênfase dada ao Brasil – como epicentro da doença, apontando a necessidade de medidas para conter o número de casos. Uma delas foi a suspensão de aulas presenciais para evitar a transmissão em aglomerações, ação que tem gerado consequências imediatas e impactos futuros.


A pandemia do COVID-19 tem impactado o mundo nas diversas esferas: social, econômica e política. Pela atualidade da pandemia, ainda é difícil prever os impactos que ela deixará a longo prazo. Entretanto, na sociedade brasileira de profundas assimetrias sociais, a pandemia tem assumido seu caráter perverso. Os antigos problemas estruturais que assolam parcela significativa dos brasileiros, como a fome, a ausência de água tratada e a dificuldade de acessar políticas públicas, somam-se agora aos novos riscos inerentes ao vírus (FALQUETE; BOTELHO MORA; MATELLI, 2021, p. 41).


Os autores defendem que a pandemia escancara problemas estruturais brasileiros. A crise sanitária se acentua nas populações periféricas, ribeirinhas, indígenas e quilombolas, devido às desigualdades sociais. No que tange à educação: “Os impactos identificados foram vinculados à interrupção da agenda pedagógica, bem como à migração do ensino presencial para o formato de ensino remoto” (ROCHA; LIMA, 2021, p. 380), ampliando as dificuldades de aprendizagem, e os desafios no que concerne ao ensino remoto, a distância, e suas respectivas metodologias neste e para este cenário educacional atual.

A pesquisa, problematizando possíveis impactos da pandemia e isolamento social na educação e no ensino remoto, destaca que se passaram três semestres letivos de ensino remoto sem que vacinas imunizantes estivessem disponíveis à população brasileira: observa-se, assim, consequências graves para a formação do estudante no processo de ensino e aprendizagem.

O texto parte de revisão bibliográfica de artigos recentes (2020 e 2021) acerca da Educação e da pandemia (COVID-19). Manteve-se atento também em publicações que abordam a relação educação e tecnologias, com viés na análise quantitativa de dados sobre o acesso de alunos universitários socioeconomicamente diferenciados.

Observou-se que o Ensino Superior, desde o início da suspensão das aulas presenciais, optou por dar continuidade integral ou parcial das disciplinas com o emprego de estratégias de aprendizagem não presenciais para não prejudicar o calendário escolar (ACI UNESP, 2020).

“Em meio à pandemia global do COVID-19, ainda em curso no Brasil, torna-se difícil prever quais serão seus impactos em longo prazo na sociedade brasileira” (FALQUETE et al., 2021, p. 42). A pesquisa bibliográfica reflete, porém, repercussões e consequências do isolamento social durante a pandemia, tanto no Ensino Remoto Emergencial para cursos presenciais, quanto para aqueles oferecidos em modelo EaD ou Híbrido.

O sistema de ensino se tornou mais excludente pela dificuldade de acesso à internet, ao equipamento e a local adequado para estudar, provocando consequências laterais não desprezíveis como reflexos emocionais no corpo discente e docente.


Se, por um lado, o ensino remoto possibilita, através de TDIC, metodologias ativas importantes para o aprendizado do estudante, incentivando discentes e docentes à procura constante por estratégias de devolutiva, facilitando a interação e diálogo entre professor e estudante; por outro lado, há incertezas sobre os efeitos discriminatórios provocados pelo ambiente material concreto exigido por estas metodologias, situação que desnuda-se com a pandemia, mas aponta desafios para futuros debates e reflexões no campo da Educação.


Ensino remoto e seus impactos


Fistarol, Silveira e Fischer (2021) anotam que a pandemia forçou todos os cursos do mundo a interromper as aulas presenciais e migrar, sem haver tempo para se preparar para tal mudança, para um modelo de aulas emergenciais remotas, mediadas por plataformas digitais. Desta forma, famílias inteiras tiveram que se adequar às transformações escolares, tanto na Educação Básica, com familiares mediando as aprendizagens, quanto na Educação Superior, com os discentes se adequando à realidade doméstica e suas características de espaço e rotina, além dos equipamentos necessários para acompanhar as aulas, salientando que os impactos são distintos de acordo com as abissais desigualdades que imperam na sociedade.

Para Oliveira et al. (2021), a suspensão das aulas causou mudanças na formação dos estudantes, na vida de alunos e em suas famílias. Essa adaptação de aula presencial no ensino remoto e a adaptação do formato pedagógico das atividades presenciais para o ambiente virtual de aprendizagem é um desafio para professores e para estudantes (ROCHA; LIMA, 2021).


Além dos riscos que “a educação remota traz de aprofundar as desigualdades sociais e educacionais e a adoção de estratégias de formação virtual, apoiadas pelas tecnologias, pós pandemia” (BONOTTO; CORRÊA; CARDOSO; MARTIN, 2020, p. 1735). Falquete, Botelho e Martineli (2020, p. 47) afirmam que as desigualdades já existentes não são superadas e ainda são sobrepostas por novas disparidades sociais, “a fome não foi erradicada, tampouco os acessos à água tratada saneamento básico e alfabetização se tornaram universais”. “Tais problemáticas somam-se à uberização e a precarização do trabalho, as retiradas de direitos e, neste atual momento, à pandemia do Coronavírus, refletindo diretamente no número de mortos por renda, raça e etnia” (FALQUETE et al., 2021, p. 47).


As desigualdades sociais acumuladas ao longo da história brasileira agora se somam à pandemia. Os efeitos da COVID-19 têm mostrado caráter de classe, uma vez que as assimetrias sociais, econômicas e raciais têm determinado o chamado “grupo de risco” da doença. Com a suspensão das aulas presenciais, muitos estudantes enfrentam queda na aprendizagem e


dificuldade de acesso às tecnologias por questões econômicas, tornando o sistema de ensino mais excludente.

Wenczenovicz (2020) informa que em 2019:



O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2019) informa que 9 milhões de brasileiros entre 0 e 14 anos do Brasil vivem em situação de extrema pobreza; desses, 207 mil são crianças menores de cinco anos que sofrem de desnutrição grave.

O distanciamento social, com a impossibilidade de estar no ambiente escolar, favorece a exposição à violência (sexual, física ou psicológica) dos estudantes, pois rotineiramente são os docentes que observam e apontam os atos de violências praticados contra adolescentes e crianças, bem como aumenta o risco de crescimento do trabalho infantil e a gravidez precoce. Duque e Durán Vasquez (2020, p. 31) sugerem elaborar um sistema escolar inclusivo em que “a escola passa a ter a responsabilidade de adequar o currículo aos seus alunos e tomar opções que considere mais eficazes de forma a garantir o sucesso dos alunos, de um modo especial, daqueles que manifestam algum tipo de fragilidade”.

Em meio à pandemia e à urgência de definição de métodos e processos, isso não tem ocorrido da forma ideal. O teor emergencial não favoreceu o planejamento do uso assertivo das ferramentas disponíveis. A aplicação das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), a partir ou por meio da internet e TV aberta, foi a alternativa selecionada para dar continuidade ao ensino e alcançar “democraticamente” o maior número de estudantes no território brasileiro em meio ao distanciamento social.


[...] a transição do presencial para o virtual, na formação de professores, apresenta desafios ao tutor, pois seu local de trabalho não é mais o mesmo, seus alunos geralmente não são crianças ou jovens, o conteúdo a ser desenvolvido exige competências diferenciadas” (GARCIA et al., 2015, p. 69).


Com o distanciamento social, o contato, a comunicação e o ensino têm sofrido perdas, ruídos, e a autonomia do estudante se destaca como aspecto essencial.


O contexto atual exige dos professores novas práticas frente ao conhecimento, com foco no preparo das novas gerações de indivíduos para o pensamento crítico, em contraposição ao uso impensado, frenético e assíduo da aparelhagem tecnológica, com contundente familiaridade e interatividade (CUNHA et al., 2017, p. 682).


Para Geraldi e Bizelli (2017), o desenvolvimento da sociedade depende da capacidade de gerar, transmitir, processar, armazenar e recuperar informações de forma eficiente. A escola precisa ter acesso a esses instrumentos e capacidade para produzir e desenvolver conhecimentos utilizando as Tecnologias Digitais de Informação de Comunicação (TDIC).

Umas das características do Ensino a Distância é a autonomia do estudante. Além disso, a organização é necessária para a busca dos conteúdos disponíveis e sua aprendizagem mediada pelos conteúdos e tutoria. Ou seja, numa metodologia invertida, o estudante faz a gestão do seu tempo de estudo, reflete sobre os conteúdos fora de sala e o professor explora esses objetos de aprendizagem. As metodologias ativas são essenciais, mas nessa modalidade de Ensino a Distância adaptado e emergencial, as TDIC levaram os docentes a uma busca pelos alunos. Deste modo, uma busca ativa se destacou como uma necessidade de procura constante pela devolutiva dos estudantes, da participação, da presença na aula virtual, da execução de avaliações e de entregas das atividades propostas pelos professores.

O EaD enquanto metodologia de ensino precisa fazer com que as TDIC se transformem em recursos, materiais, que a partir da intencionalidade pedagógica do professor possam favorecer a construção e a socialização do conhecimento nas relações que se constroem e se constituem a partir deste novo cenário educacional virtual. A relevância do material de estudo é exposta pelo Ministério da Educação (BRASIL, 2007), em documento que estabelece que o Projeto Político Pedagógico de um curso na modalidade a distância deve conter de forma adequada e elaborada: Concepção de educação e currículo no processo de ensino e aprendizagem; Sistemas de comunicação; Material didático; Avaliação; Equipe multidisciplinar; Infraestrutura de apoio; Gestão acadêmico-administrativa; Sustentabilidade financeira. Elementos que não puderam ser planejados no processo emergencial ocasionado pela pandemia, em se pensando na Educação Básica e na Educação Superior.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2018) mostra que o rendimento médio mensal de trabalho de 1% da população mais rica foi 34 vezes maior que da metade mais pobre. Ou seja, os mais privilegiados economicamente ganharam em média R$ 27.744 por mês, enquanto os 50% menos favorecidos tiveram o ganho de R$ 820 (IBGE, 2019).


Na Educação Superior pública, o cenário de desigualdade também se perpetua, evidenciando que, apesar da classe baixa (com renda familiar per capita menor que R$ 291) representar 23% da população brasileira, no corpo discente eles caracterizam apenas 8%.


Gráfico 1 – Acesso à Universidade pela classe baixa


Classe Baixa


Classe Baixa na Universidade

Fonte: Elaborado pelos autores


A classe alta (com renda familiar per capita maior que R$ 1010), sendo 25% da população, representa 46% dos universitários das universidades públicas.


Gráfico 2 – Acesso à Universidade pela classe alta


Classe alta


Classe alta na Universidade

Fonte: Elaborado pelos autores


Um dos principais problemas com a implementação da atividade remota emergencial, assentada neste modelo não presencial nas universidades públicas, é a preocupação em vir a


agravar as desigualdades ao exigir que alunos sem condições econômicas de acesso à internet, ou que não possuam um computador, acompanhem as aulas e entreguem atividades remotamente. O que implica a este aluno a opção de trancar o curso, uma vez que mais um empecilho se consolida para o acesso e a conclusão do Ensino Superior.

O desmonte da universidade pública é uma das preocupações por parte dos movimentos estudantis, visto que a implementação do ensino a distância emergencial pode levar este método a se tornar permanente dentro das instituições – tornando este ambiente ainda mais elitizado, classificatório e excludente.

Sobre a saúde mental dos discentes, Cao et al. (2020) desenvolveram uma pesquisa entre os alunos de Medicina da faculdade de Changzhi, na China, e 24,9% do corpo discente experienciou algum tipo de ansiedade relacionada à COVID-19. Viver com os pais, ter estabilidade financeira, e morar em áreas urbanas, foram apontados como fatores de proteção entre os estudantes, enquanto problemas econômicos, parentes doentes e dificuldade em acompanhar os estudos foram identificadas na pesquisa como fontes propensas à ansiedade.

Em 2020, a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED), divulgou a pesquisa “Trabalho Docente em Tempos de Pandemia”, elaborada pelo Grupo de Estudos sobre Política Educacional e Trabalho Docente da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com apoio da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE). Os dados foram coletados entre 08 e 30 de junho de 2020, com 15.654 docentes de todo o Brasil, oriundos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e da Educação de Jovens e Adultos.

Dos professores que estão lecionando de suas residências:



São muitas as problemáticas decorrentes desta situação: a pandemia ocasionou transformações na organização social de todo o mundo. Na educação, os processos de ensino e aprendizagem passaram e passam por um cenário de incertezas: nem mesmo docentes estão aptos a avaliar conteúdos ensinados, sentem-se inseguros e pressionados pela administração, pelas famílias e pelos alunos. Nas ações pedagógicas, as TDIC favorecerem oportunidades, mas também acentuam barreiras (WENCZENOVICZ, 2020).


Conclusões


É importante notar que a consolidação dos processos de ensino e aprendizagem digitais exige uma atitude ativa, autônoma, do estudante, sujeito protagonista, crítico, transformador da sociedade na qual se inscreve, mas que está submetido às condições históricas de existência material. Assim, a metodologia invertida, que seria uma possibilidade viável no ensino remoto, precisa do envolvimento ativos de estudantes nos processos de aprendizagem, o que não ocorreu durante a pandemia da Covid-19, resultado do stress causado pela ausência de meios materiais e das patologias mentais associadas à situação.

A metodologia invertida trabalha metodologicamente com o aluno tendo acesso aos conteúdos em casa, via internet; com a possibilidade de ele levar suas dúvidas e resolvê-las na escola, contando com o auxílio e a intermediação do professor. É importante, portanto, que o


aluno se envolva no processo pedagógico: participe e interaja. A falta de acesso à TDIC e às condições mentais favoráveis inviabilizam todo o processo de aprendizagem autônoma. Resta ao docente – também premido por crises profissionais, sociais e pessoais – resgatar o estímulo e a motivação do aluno através de exercícios, atividades, provas, aulas virtuais e lives, espaços mediados pela câmera, que mesmo ligada, não é sinal da presença virtual.

O trabalho mostrou a importância de o professor assumir postura mediadora nos processos de ensino e aprendizagem, uma vez que não se pode abandonar alunos a suas condições materiais de existência, de aprendizagem e de desenvolvimento educativo. O papel do professor é fundamental quando há consciência das dificuldades enfrentadas por alunos e comunidade, recaindo sobre a docência – mesmo que haja apoio dos gestores escolares e envolvimento dos alunos – os efeitos estruturais adversos, agravados por essa pandemia.


REFERÊNCIAS


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Acesso em: 05 abr. 2021.


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    Como referenciar este artigo


    SANTOS CRUZ, J. A.; BIZELLI, J. L.; BIZELLI, T. V. Perspectivas sobre o isolamento social e a pandemia no ensino superior. Revista @mbienteeducação, São Paulo, v. 14, n. 2, p. 291- 302, maio/ago. 2021. e-ISSN: 1982-8632. DOI:

    https://doi.org/10.26843/v14.n2.2021.1123.p291-302


    Submetido em: 10/03/2021 Revisões requeridas: 20/05/2021 Aprovado em: 10/07/2021 Publicado em: 01/08/2021


    PERSPECTIVES OF THE IMPACTS AND REFLECTIONS OF SOCIAL ISOLATION AND THE PANDEMIC IN HIGHER EDUCATION


    PERSPECTIVAS SOBRE O ISOLAMENTO SOCIAL E A PANDEMIA NO ENSINO SUPERIOR


    PERSPECTIVAS DE LOS IMPACTOS Y REFLEXIONES DEL AISLAMIENTO SOCIAL Y LA PANDEMIA EN LA EDUCACIÓN SUPERIOR


    José Anderson SANTOS CRUZ1

    José Luís BIZELLI2 Thaís Vargas BIZELLI3


    ABSTRACT: Since March 2020, measures to control the transmission of COVID-19 - suspension of activities, social isolation, masks, and mass testing of the population - have had consequences in Education: suspension of face-to-face classes, organizational instability, precarious pedagogical responses to the emergency phase, and migration to digital methodologies, with negative and segmented results in the student population. Students were forced to adapt their domestic reality - spaces, routines, family dynamics, available digital media - to the Emergency Remote Learning, deepening exclusion and inequality. The pandemic exposed the Brazilian structural problems sedimented from its class division. The pandemic and the socioeconomic problems described favored a climate of anxiety and distancing within universities. Even those that had been working with active methodologies, mediated by technology, ran into a lack of planning, education for the use of digital media, and the precariousness of the material conditions of existence of a significant part of the students, who stopped participating in classes due to problems related to the situation: insomnia, panic and depression.


    KEYWORDS: Pandemic. COVID-19. Education. Distance learning.


    RESUMO: Desde março de 2020, medidas de controle da transmissão do COVID-19 – suspensão de atividades, isolamento social, uso de máscaras e testagem em massa da população – provocaram consequências na Educação: suspensão de aulas presenciais, instabilidade organizacional, precariedade de respostas pedagógicas à fase emergencial e migração para metodologias digitais, com resultados negativos e segmentados no público estudantil. Os alunos foram obrigados a adequar sua realidade doméstica – espaços, rotinas, dinâmicas familiares, meios digitais disponíveis – ao Ensino Emergencial Remoto,


    1 Luiz de Queiroz College of Agriculture (ESALQ), Piracicaba – SP – Brazil. Doctorate in School Education, FCLAr/Unesp. Adjunct and Executive Editor of RIAEE. Advisor Professor PECEGE - MBA/USP ESALQ. Editor of Editora Ibero-Americana de Educação. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5223-8078. E-mail: andersoncruz.unesp@gmail.com

    2 São Paulo State University (UNESP), Araraquara – SP – Brazil. Associate Professor, School of Sciences and Languages (FCLAr/UNESP) – Brazil. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6634-1444. E-mail: jose.bizelli@unesp.br

    3 São Paulo State University (UNESP), Araraquara – SP – Brazil. Doctoral student in School Education (FCLAr/UNESP). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8127-5257. E-mail: thaiscontev@hotmail.com


    aprofundando a exclusão e a desigualdade. A pandemia escancarou os problemas estruturais brasileiros sedimentados a partir de sua divisão de classes. A pandemia e os problemas socioeconômicos descritos favoreceram o clima de ansiedade e distanciamento dentro das universidades. Mesmo aquelas que já vinham trabalhando metodologias ativas, mediadas pela tecnologia, esbarraram na falta de planejamento, na educação para o uso dos meios digitais, na precariedade das condições materiais de existência de parte significativa dos alunos, que deixaram de participar das aulas devido a problemas correlatos à situação: insônia, pânico e depressão.


    PALAVRAS-CHAVE: Pandemia. COVID-19. Educação. Ensino a distância.


    RESUMEN: Desde marzo de 2020, las medidas de control de la transmisión del COVID-19 - suspensión de actividades, aislamiento social, uso de mascarillas y pruebas masivas a la población- han tenido consecuencias en la Educación: suspensión de las clases presenciales, inestabilidad organizativa, precariedad de las respuestas pedagógicas a la fase de emergencia y migración a metodologías digitales, con resultados negativos y segmentados en el público estudiantil. Los estudiantes se vieron obligados a adaptar su realidad doméstica -espacios, rutinas, dinámicas familiares, medios digitales disponibles- a la Educación de Emergencia a Distancia, profundizando la exclusión y la desigualdad. La pandemia dejó al descubierto los problemas estructurales brasileños sedimentados en su división de clases. La pandemia y los problemas socioeconómicos descritos favorecieron un clima de ansiedad y distanciamiento dentro de las universidades. Incluso aquellos que ya venían trabajando con metodologías activas, mediadas por la tecnología, se encontraron con la falta de planificación, de educación en el uso de los medios digitales, la precariedad de las condiciones materiales de existencia de una parte importante de los alumnos, que dejaron de participar en las clases por problemas relacionados con la situación: insomnio, pánico y depresión.


    PALABRAS CLAVE: Pandemia. COVID-19. Educación. Enseñanza a distancia.


    Introduction


    Since January 2020, the respiratory disease outbreak COVID-19 - an international Public Health emergency - was defined by the World Health Organization (WHO) as a pandemic of community and planetary dissemination. According to Oliveira et al. (2021), to minimize the spread and number of deaths, social isolation, treatment of identified cases, massive testing, and social distancing were recommended.

    Brazil's social inequalities add to the pandemic, and the consequences of COVID-19 have a class nature, as emergency remote education has led many students to show a decline in learning due to economic issues.

    The WHO (2020) highlighted South America - with emphasis on Brazil - as the epicenter of the disease, pointing out the need for measures to contain the number of cases. One of them


    was the suspension of face-to-face classes to avoid transmission in crowds, an action that has generated immediate consequences and future impacts.


    The pandemic of COVID-19 has impacted the world in many spheres: social, economic, and political. Due to the actuality of the pandemic, it is still difficult to predDICT its long-term impacts. However, in the Brazilian society of deep social asymmetries, the pandemic has assumed its perverse character. The old structural problems that plague a significant portion of Brazilians, such as hunger, lack of treated water, and difficulty in accessing public policies, are now added to the new risks inherent to the virus (FALQUETE; BOTELHO MORA; MATELLI, 2021, p. 41, our translation).


    The authors argue that the pandemic exposes Brazilian structural problems. The health crisis is accentuated in the peripheral, riverside, indigenous and quilombola populations, due to social inequalities. Regarding education: "The impacts identified were linked to the interruption of the pedagogical agenda, as well as the migration from face-to-face teaching to the remote teaching format" (ROCHA; LIMA, 2021, p. 380, our translation), amplifying the learning difficulties, and the challenges concerning remote, distance learning, and their respective methodologies in and for this current educational scenario.

    The research, problematizing possible impacts of the pandemic and social isolation on education and remote teaching, highlights that three school semesters of remote teaching have gone by without immunizing vaccines being available to the Brazilian population: thus, serious consequences for the student's education in the teaching and learning process are observed.

    The text is based on a bibliographic review of recent articles (2020 and 2021) on education and the pandemic (COVID-19). It also pays attention to publications that address the relationship between education and technologies, with a bias toward quantitative data analysis on the access of socioeconomically differentiated college students.

    It was observed that Higher Education, since the beginning of the suspension of in- person classes, has opted to provide full or partial continuity of the subjects with the use of non- face-to-face learning strategies in order not to jeopardize the school calendar (ACI UNESP, 2020).

    "Amidst the global pandemic of COVID-19, still ongoing in Brazil, it becomes difficult to predict what its long-term impacts will be on Brazilian society" (FALQUETE et al., 2021, p. 42, our translation). The literature survey reflects, however, repercussions and consequences of social isolation during the pandemic, both in Emergency Remote Learning for face-to-face courses, and for those offered in distance learning or hybrid model.


    The education system has become more exclusionary due to the difficulty in accessing the internet, equipment, and an adequate place to study, causing not insignificant side consequences such as emotional reflections on the students and faculty.

    If, on the one hand, remote teaching enables, through DICT, important active methodologies for student learning, encouraging students and teachers to constantly search for feedback strategies, facilitating the interaction and dialogue between teacher and student; on the other hand, there are uncertainties about the discriminatory effects caused by the concrete material environment required by these methodologies, a situation that is laid bare with the pandemic, but points to challenges for future debates and reflections in the field of Education.


    Remote learning and its impacts


    Fistarol, Silveira and Fischer (2021) note that the pandemic forced all courses in the world to interrupt face-to-face classes and migrate, with no time to prepare for such a change, to a model of remote emergency classes, mediated by digital platforms. In this way, entire families had to adapt to the school transformations, both in Basic Education, with family members mediating the learning, and in Higher Education, with students adapting to the domestic reality and its characteristics of space and routine, in addition to the equipment needed to follow the classes, emphasizing that the impacts are different according to the abysmal inequalities that prevail in society.

    For Oliveira et al. (2021), the suspension of classes caused changes in the students' education, in the students' lives and in their families. This adaptation of face-to-face class in remote teaching and the adaptation of the pedagogical format of face-to-face activities to the virtual learning environment is a challenge for teachers and students (ROCHA; LIMA, 2021).


    Besides the risks that "remote education brings of deepening social and educational inequalities and the adoption of virtual training strategies, supported by technologies, post pandemic" (BONOTTO; CORRÊA; CARDOSO; MARTIN, 2020, p. 1735). Falquete, Botelho, and Martineli (2020, p. 47) state that already existing inequalities are not overcome and are still overlaid by new social disparities, "hunger has not been eradicated, nor have accesses to treated water basic sanitation and literacy become universal." "Such problems are added to the uberization and precariousness of work, the withdrawal of rights and, at this current moment, the Coronavirus pandemic, reflecting directly in the number of deaths by income, race, and ethnicity" (FALQUETE et al., 2021, p. 47, our translation).


    The social inequalities accumulated throughout Brazilian history now add up to the pandemic. The effects of COVID-19 have shown a class character, since social, economic, and


    racial asymmetries have determined the so-called "risk group" of the disease. With the suspension of face-to-face classes, many students face a decline in learning and difficulty in accessing technologies due to economic issues, making the education system more exclusionary.

    Wenczenovicz (2020 [web], our translation) reports that in 2019:



    The Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE, 2019) reports that 9 million Brazilians between the ages of 0 and 14 live in extreme poverty; of these, 207,000 are children under the age of five who suffer from severe malnutrition.

    Social distance, with the impossibility of being in the school environment, favors the exposure to violence (sexual, physical, or psychological) of students, since teachers are routinely the ones who observe and point out the acts of violence against adolescents and children, as well as increases the risk of growth of child labor and early pregnancy. Duque and Durán Vasquez (2020, p. 31, our translation) suggest designing an inclusive school system in which "the school becomes responsible for adapting the curriculum to its students and making choices that it considers most effective in order to ensure the success of students, in a special way, of those who manifest some kind of fragility."

    During the pandemic and the urgency to define methods and processes, this has not occurred optimally. The emergency situation has not favored the planning of the assertive use of the available tools. The application of Information and Communication Technologies (ICT), from or through the Internet and broadcast TV, was the selected alternative to give continuity to the teaching and to reach "democratically" the largest number of students in the Brazilian territory amidst social distancing.


    [...] the transition from face-to-face to virtual, in teacher training, presents challenges to the tutor, because his workplace is no longer the same, his students are usually not children or young people, the content to be developed requires differentiated skills" (GARCIA et al., 2015, p. 69, our translation).


    With social distance, contact, communication, and teaching have suffered losses, noise, and student autonomy stands out as an essential aspect.


    The current context demands from teachers new practices in front of knowledge, with a focus on preparing new generations of individuals for critical thinking, as opposed to the thoughtless, frenetic and assiduous use of technological apparatus, with blunt familiarity and interactivity (CUNHA et al., 2017, p. 682, our translation).


    For Geraldi and Bizelli (2017), the development of society depends on the ability to generate, transmit, process, store and retrieve information efficiently. The school needs to have access to these tools and the capacity to produce and develop knowledge using Digital Information and Communication Technologies (DICT).

    One of the characteristics of distance learning is student autonomy. In addition, organization is necessary to search the available content and its learning mediated by the content and tutoring. In other words, in an inverse methodology, the student manages his study time, reflects on the content outside the classroom, and the teacher explores these learning objects. Active methodologies are essential, but in this adapted and emergent distance learning modality, the DICTs have led teachers to a search for students. Thus, an active search stood out as a need to constantly seek feedback from students, participation, presence in the virtual class, performance of assessments and delivery of the activities proposed by the teachers.

    The distance learning as a teaching methodology needs to make the DICTs become resources, materials, which from the pedagogical intentionality of the teacher can promote the construction and socialization of knowledge in the relationships that are built and constitute themselves from this new virtual educational scenario. The relevance of the study material is exposed by the Ministry of Education (BRASIL, 2007), in a document that establishes that the Political Pedagogical Project of a distance learning course must contain in an adequate and elaborate way: conception of education and curriculum in the teaching and learning process; communication systems; didactic material; evaluation; multidisciplinary team; support infrastructure; academic-administrative management; financial sustainability. Elements that could not be planned in the emergency process caused by the pandemic, thinking about Basic Education and Higher Education.

    The Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE, 2018) shows that the average monthly work income of 1% of the richest population was 34 times greater than of the poorest half. In other words, the most economically privileged earned an average of R$27,744 per month, while the less favored 50% earned R$820 (IBGE, 2019).

    In public Higher Education, the scenario of inequality is also perpetuated, showing that, although the lower class (with per capita family income below R$ 291) represents 23% of the Brazilian population, in the student body they represent only 8%.


    Graph 1 – University Access by the Lower Class



    Lower Class

    Lower Class Attending


    Source: Prepared by the authors


    The upper class (with per capita family income over R$ 1010), being 25% of the population, represents 46% of the university students in public universities.


    Graph 2 – University Access by Upper Class


    Upper Class

    Upper Class Attending


    Source: Prepared by the authors


    One of the main problems with the implementation of the emergency remote activity, based on this non-presence model in public universities, is the concern in aggravating inequalities by requiring students who cannot afford internet access, or who do not have a computer, to attend classes and deliver activities remotely. This implies that these students have


    the option of dropping out of the course, since this is yet another obstacle to accessing and completing higher education.

    The dismantling of the public university is one of the concerns of the student movements, since the implementation of emergency distance learning can lead this method to become permanent inside the institutions - making this environment even more elitist, classifying, and excluding.

    Regarding students' mental health, Cao et al. (2020) developed a survey among medical students at Changzhi College in China, and 24.9% of the student body experienced some type of anxiety related to COVID-19. Living with parents, having financial stability, and living in urban areas were noted as protective factors among students, while economic problems, sick relatives, and difficulty keeping up with studies were identified in the survey as anxiety-prone sources.

    In 2020, the National Association of Graduate Studies and Research in Education (ANPED) released the survey "Teacher Work in Times of Pandemic", prepared by the Study Group on Educational Policy and Teacher Work of the Federal University of Minas Gerais (UFMG), with the support of the National Confederation of Education Workers (CNTE). The data was collected between June 8 and 30, 2020, with 15,654 teachers from all over Brazil, from Kindergarten, Elementary School, and Youth and Adult Education.

    From the teachers who are teaching from their homes:



    Kapasia et al. (2020) state that 76% of Higher Education students surveyed in India believe that the pandemic will cause disruption to their studies if teaching continues in this format. Changes are needed in order for universities to seek to maintain higher education by making educational systems resilient.


    Malganova et al. (2021, p. 589, our translation) suggest the following recommendations based on their research:


    1. the authorities should focus on developing strategies for the rapidimplementation of specific measures to support students and teachers throughout the forced pause in the educational process;

    2. technical and organizational support is needed for the population ofRussian regions for various reasons, lack of necessary equipment, internet connection and other online tools;

    3. protect the rights of high school and college employees;

    4. ensure social equality and inclusion, avoiding further social stratification;

    5. protecting the personal information of students and teachers, preventing orminimizing the risks arising from interaction in the virtual space, including cyberbullying.


There are many problems arising from this situation: the pandemic has caused transformations in the social organization all over the world. In education, the teaching and learning processes have gone through a scenario of uncertainty: not even teachers are able to evaluate the content taught, they feel insecure and pressured by the administration, families and students. In pedagogical actions, the DTIC favor opportunities, but also accentuate barriers (WENCZENOVICZ, 2020).


Conclusions


It is important to note that the consolidation of digital teaching and learning processes requires an active, autonomous attitude from the student, a protagonist, critical subject, transformer of the society in which he is inscribed, but who is subjected to the historical conditions of material existence. Thus, the inverted methodology, which would be a viable possibility in remote teaching, needs the active involvement of students in the learning processes, which did not occur during the Covid-19 pandemic, a result of the stress caused by the absence of material means and the mental pathologies associated with the situation.

The inverted methodology works methodologically with the student having access to the content at home, via the internet; with the possibility of him taking his doubts and solving them at school, with the help and intermediation of the teacher. It is important, therefore, that the student gets involved in the pedagogical process: participates and interacts. Lack of access to DICT and favorable mental conditions make the whole process of autonomous learning impossible. It remains for the teacher - also pressed by professional, social, and personal crises

- to rescue the stimulus and motivation of the student through exercises, activities, tests, virtual


classes and lives, spaces mediated by the camera, which, even turned on, is not a sign of virtual presence.

The work showed the importance of the teacher assuming a mediating posture in the teaching and learning processes, since one cannot abandon students to their material conditions of existence, learning and educational development. The teacher's role is fundamental when there is awareness of the difficulties faced by students and the community, and the adverse structural effects, aggravated by this pandemic, fall on the teaching staff even if there is support from school managers and involvement from the students.


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How to reference this article


SANTOS CRUZ, J. A.; BIZELLI, J. L.; BIZELLI, T. V. Perspectives of the impacts and reflections of social isolation and the pandemic in higher education. Revista @mbienteeducação, São Paulo, v. 14, n. 2, p. 290-301, maio/ago. 2021. e-ISSN: 1982-8632. DOI: https://doi.org/10.26843/v14.n2.2021.1123.p291-302


Submitted: 10/03/2021 Required revisions: 20/05/2021 Approved: 10/07/2021 Published: 01/08/2021


Responsible for the translation: Editora Ibero-Americana de Educação.

English version by: Alexander Vinicius Leite da Silva - ORCID: https://orcid.org/0000-0002- 4672-8799.