José Anderson SANTOS CRUZ1
José Luís BIZELLI2 Thaís Vargas BIZELLI3
A realidade imposta pela pandemia do novo Coronavírus fez com que o mundo inteiro fosse forçado a tomar precauções, especialmente na forma de isolamento social, para conter a severa crise sanitária gerada por essa doença que já acometeu milhões de pessoas. Para que o distanciamento social necessário para a contenção da disseminação do vírus fosse possível, governos e nações tomaram medidas de fechamento de atividades econômicas, culturais e educacionais, além da imposição de lockdowns que barravam todas as atividades sociais, exceto aquelas consideradas necessárias.
Em decorrência disso, escolas por todo o mundo fecharam as portas e os alunos foram forçados a retornar as suas casas. Buscando evitar impactos ainda maiores, principalmente no sistema educacional, medidas excepcionais na forma da adoção da educação remota começaram a ser tomadas em todos os países; apesar de a educação a distância já existir, em teoria e prática, há muito tempo, nunca se teve antes a necessidade de uma substituição completa do sistema de ensino presencial pelo sistema remoto. A adoção emergencial dessas medidas viria a mostrar grandes problemas existentes, escancarando para quem quisesse ver a desigualdade em toda sua extensão, tornando excluídos aqueles que não tivessem acesso à rede mundial de computadores, à Internet e à Tecnologias de Informação e Comunicação. Mas também existem aspectos dessa
1 Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara – SP – Brasil. Doutor em Educação Escolar, Faculdade de Ciências e Letras (FCLAr/UNESP). Orientador Colaborador ESALQ/PECEGE. Editor Adjunto de Periódicos e Assessor Técnico em Gestão de Periódicos Científicos. Editor responsável pela Editora Ibero-Americana de Educação. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5223-8078. E-mail: anderson.cruz@unesp.br
2 Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara – SP – Brasil. Livre-docente, Faculdade de Ciências e Letras (FCLAr/UNESP); Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar. Pesquisador Bolsista de Produtividade em Pesquisa 2 – CNPq. Coordenador Nacional FEPAE. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6634- 1444. E-mail: jose.bizelli@unesp.br
3 Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara – SP – Brasil. Doutoranda em Educação Escolar, Faculdade de Ciências e Letras (FCLAr/UNESP). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8127-5257. E-mail: thaiscontev@hotmail.com
nova realidade de isolamento que podem ser tomados como lições para se melhorar os sistemas existentes, sejam os de ensino ou não (COSTA CARVALHO, 2021).
A se começar pelos problemas, das muitas mazelas expostas de forma gritante pela pandemia e o isolamento social, a desigualdade entre as pessoas ficou ainda mais evidente, pois em grande parte do país e do mundo o acesso aos meios de comunicação online agora se tornava necessidade, a base do ensino, a única forma de se estar presente no ambiente educacional que, no Brasil, deveria ser direito de todos, como preconizado pela Constituição de 1988 (WENCZENOVICZ, 2020). Assim, a desigualdade que já era gritante no país mostra sua face quando a estrutura de acesso à internet no país se torna um impedimento para desenvolver as atividades de ensino remoto, por sua precariedade. Além disso, o ensino a distância mostra que ainda existe um grande despreparo dos docentes para atuar nos meios digitais (DANTAS; CASTRO, 2020), tudo isso fruto de uma política de Estado que não apenas não incentivou o desenvolvimento contínuo dos profissionais da educação, como vinha limitando cada vez mais esse setor com cortes de verbas, ataques ideológicos, medidas de intimidação política (como a filmagem de professores e acusações de doutrinação, Escola Sem Partido etc.). A pandemia veio revelar toda a fragilidade à qual o sistema de ensino brasileiro estava exposto.
Em meio ao desgoverno da Pandemia no Brasil, a situação de preparação dos docentes para a adoção de um ambiente digital de educação também toma os holofotes. Professores de todo o país se veem cada vez mais sobrecarregados durante a pandemia, tendo que se adaptar, de forma quase inteiramente autônoma, ao uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), tema que não é amplamente trabalhado nos cursos de formação de professores e que, agora, se tornava a base de atuação dos docentes (SILVA; HESSEL, 2021; SOUZA, 2021). Assim, sobrecarregados com desenvolver mais atividades sem as limitações temporais e possibilidades espaciais do ambiente físico da escola, os professores ainda se viram obrigados a se atualizar no uso de tecnologias, a adquirir recursos para o acesso e uso da Internet, tudo isso permeado por uma falta de preparo formativo e, em muitos casos, um total desconhecimento de possíveis metodologias para se criar um ensino virtual eficiente e envolvente, capaz não apenas de proporcionar a educação aos alunos, mas também de atrair o interesses destes, agora expostos a um ambiente onde distrações são constantes e a demanda pela autonomia e autossuficiência dos estudantes são enormes (ROCHA; LIMA, 2021; ROJAS; MARTÍNEZ; VIVAS, 2021).
Além do despreparo dos docentes, tanto no Brasil como no mundo, as limitações do ambiente digital de ensino, por mais que as ferramentas online tenham se desenvolvido e melhorado de forma exponencialmente rápida ao longo da pandemia, também criam barreiras
para o trabalho em sala de aula. Disciplinas como música, educação física, artes em geral se tornam extremamente desafiadoras (AKBAROVA et al., 2021); barreiras de acessibilidade de comunicação fazem com que o conceito de inclusividade, já bastante caro aos debates educacionais, fique ainda mais em evidência, levantando questões sobre: como incluir alunos com deficiência no ensino a distância? Como incluir na educação digital as comunidades afastadas, campesinas, indígenas, quilombolas etc. onde o acesso à internet é precário, isso quando existente? (OLIVEIRA et al., 2021; ODARICH; SOFRONOV; SHICHIYAKH, 2021).
Mesmo com todas essas questões e desafios a serem superados, a educação a distância vem se provando uma forma de se manter o processo de ensino e aprendizagem e, mesmo que longe do ideal, suscita questões, discussões e debates sobre as possibilidades desse tipo de ensino, sobre usos que essa modalidade de educação poderia ter mesmo após a superação da pandemia e o retorno das aulas presenciais. O pensamento sobre o que podemos levar do aprendizado na educação remota para um cenário de pós pandemia traz também esperança de que novas didáticas possam ser desenvolvidas, o conceito de ensino híbrido ganha destaque, o uso de ferramentas e TIC para facilitar e incrementar o trabalho do professor e também melhorar a absorção de conteúdo pelos estudantes, tudo isso posa no futuro como uma luz no fim do túnel (FORTUNATO, 2021; MALGANOVA; DOKHKILGOVA; SARALINOVA, 2021).
Se a educação remota há de se concretizar como uma possibilidade educativa real e suplementar/complementar ao trabalho em sala de aula no futuro; se após as disparidades de acesso serem escancaradas pela pandemia elas serão endereçadas pelos governos; se será possível uma especialização, um letramento digital para professores e alunos no futuro para que o uso das TIC se torne cada vez mais natural (HEISEN; PAVÃO; PAVÃO, 2021); se a preocupação com métodos de ensino humanizadores e inclusivos continuarão a ser o foco do desenvolvimento dos debates no campo da educação; e muitas outras questões que continuam a existir, algumas das quais serão abordadas neste dossiê, que traz trabalhos de diversos autores nacionais e estrangeiros sobre os impactos da pandemia e da adoção da educação remota nos diversos sistemas de ensino apresentados.
O primeiro artigo dessa edição, intitulado Perspectivas sobre o isolamento social e a pandemia no Ensino Superior, debate como o cenário imposto pela pandemia de Covid-19 escancara os problemas estruturais da realidade brasileira e aprofunda, ainda mais, a já grande exclusão e desigualdade social existente no país. Partindo de uma análise da educação e das novas demandas que são forçadas em caráter de urgência tanto às instituições quanto a professores e alunos, o artigo explora como, além das barreiras econômicas e sociais, alunos e professores se veem diante de uma situação que, mesmo sem estarem preparados, devem
enfrentar, tentando, da melhor maneira possível, superar os diversos obstáculos de acessibilidade, estresse mental e condições desfavoráveis de manutenção de um ensino de qualidade. Professores se veem obrigados a assumir novos papeis, aumentando ainda mais sua jornada de trabalho, para gerar motivação extra nos alunos que se encontram em situações mentais e de acesso às tecnologias de comunicação precárias, mesmo quando estes também se encontram enfrentando os problemas e crises pessoais, sociais, profissionais etc., gerados pela pandemia.
Ao forçar o deslocamento do ensino das aulas presenciais em escolas e outras instituições, a pandemia de Covid-19 criou cenários de trabalho com a educação que precisam ser explorados e trabalhados por educadores e por alunos para que exista uma manutenção não apenas do ensino de qualidade, mas também do bem-estar dos discentes, que estão forçadamente apartados do convívio social no ambiente escolar e forçados a estudar a partir de suas residências. Dentre as situações geradas pelo isolamento está a disponibilidade de um tempo livre, que não é ainda devidamente incluído no processo educativo, mas que poderia, através de estratégias didáticas apropriadas, se tornar um tempo útil no processo de ensino- aprendizagem e um fator de bem-estar para os alunos. O estudo Estratégias didáticas no uso do tempo livre em alunos na pandemia de Covid-19 (Professores da Escola Básica de Talca, região de Maule, Chile) aborda, através da visão de professores entrevistados, como estes estão lidando com essa questão e quais estratégias didáticas podem ser desenvolvidas para um melhor aproveitamento do tempo livre que existe fora do horário das aulas virtuais.
Ao redor do globo, o dia-a-dia de todos foi grandemente afetado pelas medidas impostas para a contenção da pandemia de Covid-19: ainda que todos tenham sido afetados, as pessoas mais vulneráveis são aquelas que se encontram, e se encontravam mesmo antes do isolamento, em precárias condições socioeconômicas, precariedade esta que apenas foi agravada pela crise sanitária global, causando, além dos problemas financeiros e sociais, uma dificuldade maior na criação de perspectivas de futuro e planejamento de vida para uma melhora nas condições de existência. Esse tema é explorado com foco em alunos chilenos pertencentes a famílias que dependem de trabalho agrícola sazonal no artigo Educação tecnológica e empreendedorismo na opinião dos alunos em tempos de pandemia no Chile, buscando verificar através das visões deles como o ensino de Educação Tecnológica pode contribuir para um aumento na autoestima e para criar uma visão mais empreendedora, que permite que esses alunos busquem condições de vida distinta daquelas em que suas famílias vivem.
No próximo artigo deste número, intitulado Motivação do gestor na práxis educacional do professor em tempos de pandemia de Covid-19 (Escola de Esportes
O texto Educar em tempos de pandemia: algo possível? traz uma perspectiva dos desafios que professores e o sistema de ensino como um todo precisaram enfrentar com a chegada da Covid-19 e as mudanças do presencial para o isolamento e o remoto em decorrência disso. Além de demonstrar como esse processo de enfrentamento e adaptação desafiou professores, alunos e instituições como um todo, evidenciou as discrepâncias aterradoras existentes entre as classes sociais, também faz apontamentos em direção a um futuro mais esperançoso, tirando do período de isolamento pandêmico lições e aprendizados, especialmente aqueles que evidenciaram que, num cenário de isolamento forçado, o contato pessoal, presencial, se faz muito necessário ainda, para o desenvolvimento não apenas do educando e educador, mas da pessoa como um todo. Apesar de trazer as lições aprendidas, muitas vezes em confronto com discursos focados no fator econômico em uma defesa quase cega da educação remota, o artigo também aponta que os desafios da pandemia serão sucedidos por desafios pós-pandêmicos, de uma retomada do ensino presencial e do contato humano como atividade essencial à formação da pessoa, do cidadão.
Por mais que a educação remota já exista, tanto como prática quanto como teoria há muitas décadas, sua implantação de forma integral nunca foi de fato planejada ou mesmo esperada: o cenário criado pela pandemia de coronavírus forçou que esse método de ensino fosse implantado de forma abrangente e urgente, sem uma preparação de fato; instituições, alunos, professores, toda a comunidade escolar foi pega de surpresa e teve que se adaptar a essa nova realidade, que apesar de temporária já dura bastante. Isso afeta especialmente o ensino básico, uma área do ensino que não havia sido de fato tão trabalhada, mesmo em teoria, para a aplicação do ensino remoto. O ônus desse despreparo e urgência de aplicação, na maioria das vezes, recai diretamente sobre o professor e alunos, que têm que se organizar e se adaptar a novas rotinas e funcionalidades sem que exista uma queda na quantidade e qualidade do ensino. Vislumbrando os desafios e expectativas irreais colocados sobre os sistemas de ensino e os
professores, em especial, o artigo Educação remota: reflexões acerca do ensino a distância em tempos de pandemia problematiza a forma como esse sistema se constrói e, também, projeta a forma como isso há de se desconstruir e quantos novos desafios e cobranças serão, mais uma vez, depositados em cima dos professores e alunos, para que o tempo “perdido” seja compensado em tempo recorde, para que não sejam visíveis as mazelas que sobraram de uma aplicação forçada e despreparada de uma nova metodologia de ensino.
Ao lidar com a realidade virtual imposta pelo distanciamento social, dentro da educação, a questão de como as tecnologias digitais são e podem ser usadas se torna de grande relevância. Em um contexto de letramento de crianças e adolescentes, o suporte digital pode se mostrar um grande aliado no desenvolvimento desses estudantes. O artigo Práticas de leitura e letramentos digitais de crianças e adolescentes na pandemia do covid-19 discute as implicações desse momento no desenvolvimento de atividades e práticas de letramento digital. As autoras analisam as formas que isso se manifesta, principalmente em jogos, aulas online e redes sociais, e apontam para a pouca relevância dada aos livros digitais pelos alunos, assim como a pouca presença de filmes legendados no ambiente familiar. Através de um questionário aplicado a alunos de 7 a 17 anos e seus familiares, as autoras apontam como as práticas de uso das tecnologias digitais de informação e comunicação se tornaram mais extensas e, além de servirem como um suporte para o desenvolvimento de leituras e letramentos, também se tornaram uma das principais formas de transmissão de cultura na atualidade.
Dentre as diversas adaptações que precisaram ser feitas para uma adequação ao contexto de pandemia, o uso de ferramentas de comunicação virtual como intermediárias do processo de ensino ganha destaque; dentre as ferramentas que foram utilizadas nesse processo, o artigo Aulas remotas na pandemia: o WhatsApp como ferramenta no ensino em Davinópolis/MA analisa o uso do aplicativo de mensagens WhatsApp. Apesar do estudo ser restrito a uma localidade apenas, é revelado que existe uma dificuldade de adaptação das práticas docentes, acompanhadas de uma sobrecarga ainda maior do professor nesse cenário, tudo isso acompanhado por uma necessidade do estudante se tornar mais autônomo e protagonista do seu estudo, juntamente com a necessidade de a família também assumir parte nesse processo, o que pode gerar dificuldades no ensino, como defasagens na leitura e na escrita desenvolvidas por esses alunos. Além desses apontamentos, o trabalho também mostra a necessidade da elaboração de políticas públicas que auxiliem o desenvolvimento das atividades de ensino nesse período, para que não ocorra tamanha sobrecarga no trabalho docente e para que se mantenha a qualidade da educação.
O artigo Educação básica nas escolas do campo no contexto da pandemia: ensino remoto pra quem? lança luz sobre um importante debate dentro do contexto da educação remota, algo agravado pela condição de desigualdade vivida pelo Brasil, onde ainda existem escolas do campo que não possuem acesso à internet e que atendem estudantes camponeses que também são excluídos na questão do acesso às tecnologias digitais. Em meio aos já muitos desafios impostos pela pandemia, dentre eles a tentativa de se manter a educação funcionando pelo método remoto, o que mesmo dentro dos cenários urbanos já evidenciava a existência de grandes obstáculos e dificuldades, ao se analisar o ambiente do campo, esses obstáculos, devido a uma falta de planejamento das gestões municipais, o fechamento de escolas e a falta de acesso à rede de internet, se tornam praticamente instransponíveis, criando barreiras gigantes para a inclusão da população campesina no processo emergencial de ensino remoto, o que só vem a ampliar, ainda mais, as desigualdades educacionais existentes no meio rural.
Mesmo antes da pandemia a questão da inclusão já se tornava palco de grandes debates, especialmente dentro do campo da educação. Com as medidas de isolamento e o cancelamento das aulas presenciais em prol de um sistema de ensino remoto que respeitasse as medidas sanitárias sem deixar que a educação parasse como um todo, novos debates foram surgindo, ou novos campos para debates já existentes, como a inclusão de alunos com TEA no sistema de ensino. Trazendo um estudo de caso ocorrido em Cascavel-PR, o artigo Relato de experiência docente na atuação no ensino remoto durante a pandemia com um sujeito com TEA mostra, por meio de uma abordagem qualitativa, como é possível que a inclusão em uma práxis educativa em contexto de isolamento possa ocorrer de forma positiva. Além disso, as autoras também apontam a necessidade de se pensar em uma educação inclusiva, mesmo durante a pandemia, que favoreça experiências humanizadoras para sujeitos com deficiência.
O ambiente escolar vai além da própria sala de aula, permite a socialização e convívio de alunos de todas as idades em um meio social ativo, que pode ser muito estimulante para o desenvolvimento satisfatório de crianças e adolescentes para a vida em sociedade. Na linha desse pensamento, no artigo As crianças e adolescentes e os desafios de educar na pandemia, é feita uma discussão sobre os impactos que a falta de vivência social e de uma rotina escolar podem ter em alunos de todas as idades, apontando os desafios impostos pela pandemia e como a superação da maioria desses desafios, na forma da educação remota, não é capaz de atender a muitos alunos, devido em grande parte às desigualdades econômicas da população, que culminam em desigualdades de acesso à educação. Ao relembrar que a realidade da educação brasileira e o tamanho dos desafios extras encontrados durante tempos pandêmicos são ditados por decisões políticas, os autores apontam que mesmo com todos os percalços presentes nessa
realidade existe um grande conhecimento que pode ser adquirido nesse período e utilizado para minimizar os efeitos que o fechamento das escolas, para contenção da crise sanitária, pode acarretar.
O artigo Covid-19: exclusão educacional, digital e social mostra como cada vez mais, em todas as esferas humanas, existe a presença do mundo virtual, seja mediando relações sociais, financeiras, culturais, amistosas, informativas etc., o que garante a essa existência virtual uma grande relevância num contexto geral e no contexto acadêmico. Tudo isso chefiado pela Internet, que mostra uma fachada de integração e proximidade global, mas que mesmo assim se torna um fator de forte exclusão, que invisibiliza e exclui volumosa parte da sociedade desse mundo virtual. Devido a esse patamar de relevância ocupado pela internet e pelas tecnologias de comunicação e informação digitais, em tempos de pandemia esse meio virtual adquire ainda mais relevância e se torna não apenas um instrumento opcional de vivência e acesso cultural e social, mas também uma ferramenta para a execução de políticas públicas, como a educação. Frente a essa nova realidade pandêmica que demanda uma convivência virtual enquanto se respeita o distanciamento social imposto, as desigualdades e exclusões feitas pelo acesso a esses meios se tornam escancaradas, e fica evidente a exclusão de grande parte da população desse mundo e o despreparo dos governos para lidar com essa nova realidade, para garantir um acesso igualitário aos meios de comunicação online para todos. O artigo aponta para as necessidades, urgentes, de se desenvolver políticas públicas que busquem remediar essa exclusão digital e as disparidades de acesso a esse mundo virtual, que constitui parte cada vez maior do mundo real.
O último artigo desse número, intitulado Interfaces entre educação e cibercultura: as relações humanas e a transversalidade de conexão digital, coloca em pauta como se constituem as relações humanas frente à expansão cada vez maior da conectividade digital, especialmente no contexto da educação. Ao abordar esse tema, os autores se debruçam sobre o conceito da cibercultura e suas interfaces educacionais, como essa conexão poderia ser analisada num princípio de construção de uma subjetividade capaz de compreender as conexões digitais nos processos humanos de ensino e aprendizagem, gerando demandas para que nos tornemos mais aptos, mais letrados nessa mídia digital, tornando-nos, assim, mais capazes de lidar e interpretar os fluxos de informações e conhecimentos de todas as espécies que nos são providos de forma cada vez maior e mais contínua. Assim, os autores buscam mostrar como existem grandes possibilidades de democratização do conhecimento, que pode ser uma grande aliada da educação, mas isso requer que, cada vez mais, os seres humanos se adequem e se aperfeiçoem para lidar com essa nova forma de construir sua subjetividade.
Assim, apresentamos diversas faces de como a sociedade se vê forçada a lutar com e contra uma nova realidade digital imposta pela pandemia, realidade esta que apresenta grandes possibilidades de inovação, adaptação, concretização de ideias até então deixadas em segundo plano, mas tudo isso permeado por obstáculos, desafios, desigualdades e exclusões. Em um país tão diferente quanto o nosso em relação ao resto do mundo, esses problemas podem tomar proporções hercúleas e ainda assim, muitas vezes, apoiados em pensamentos de esperança: focando no que pode ser aprendido durantes os momentos de dificuldade, se olha para uma possibilidade de superação no futuro, tanto da pandemia quanto das discrepâncias e despreparos para o convívio num mundo digital.
As experiências vividas nos últimos anos de enfrentamento de uma crise sanitária de proporções inéditas na modernidade fez surgir muitas dúvidas, e a escolha de uma interpretação de que o fenômeno seria passageiro ou de que a melhor estratégia seria recuperar as perdas prováveis fizeram de 2020 e estão fazendo de 2021 um imenso laboratório que se move para responder à pergunta: “Um país desigual, com problemas historicamente construídos, sujeito às mazelas do desgoverno estrutural pode ter uma Educação que o ajude a se libertar do passado e construir um novo futuro?”.
A equipe editorial deseja a todos uma boa leitura.
AKBAROVA, G. N.; DYGANOVA, E. A.; BATYRSHINA, G. I.; ADAMYAN, A. Z.
Formação de regência de coral a distância de futuros professores de música. Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 25, n. esp. 2, p. 750-759, maio 2021. e- ISSN:1519-9029. DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v25iesp.2.15257
COSTA CARVALHO, R. A. C. Desafios Pedagógicos: antes e na Pandemia COVID 19.
3471. ISSN 1517-7947. DOI: https://doi.org/10.26673/tes.v16i2.14061
DANTAS, O. M. A. N. A.; CASTRO, F. R. Formação de professores em educação a distância para a sociedade em rede. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 15, n. 3, p. 1205-1220, jul./set. 2020. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v15i3.12977
FORTUNATO, I. 2020 e a pandemia do ensino remoto. Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 25, n. 2, p. 1053-1070, maio/ago. 2021. e-ISSN:1519-9029.
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HEISEN, G. R.; PAVÃO, S. M. O.; PAVÃO, A. C. O. TIC na gestão educacional: efetividade na academia. Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 25, n. 2, p.
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https://doi.org/10.22633/rpge.v25i2.14576
MALGANOVA, I. G.; DOKHKILGOVA, D. M.; SARALINOVA, D. S.A transformação do
sistema educacional durante e pós-COVID-19. Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 25, n. esp.1, p. 595-605, mar. 2021. e-ISSN:1519-9029. DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v25iesp.1.14999
ODARICH, I. N.; SOFRONOV, R. P.; SHICHIYAKH, R. A. Princípios da educação inclusiva e sua importância na sociedade moderna. Revista on line de Política e Gestão Educacional, v. 25, n. esp. 2, p. 856-866, maio 2021. e-ISSN:1519-9029. DOI: https://doi.org/10.22633/rpge.v25iesp.2.15271
OLIVEIRA, B. R; OLIVEIRA, A. C. P; JORGE, G. S.; COELHO, J. F. Implementação da
Educação Remota em tempos de pandemia: análise da experiência do estado de Minas Gerais. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 1, p. 84-106, jan./mar. 2021. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.13928
ROCHA, E. M.; LIMA, J. M. S. Impactos e desafios do ensino on-line decorrentes da pandemia COVID-19. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 2, p. 377-390, abr./jun. 2021.e-ISSN: 1982-5587.DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v16i2.14526
ROJAS, O.; MARTÍNEZ, M.; VIVAS, A. Responsabilidade social da universidade em tempos de pandemia: um olhar a partir da função docente (Universidade de Antofagasta – Chile). Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 2, p. 426- 441, abr./jun. 2021. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i2.14707
SILVA, C. S. G.; HESSEL, A. M. G. A docência como curadoria: experiências pedagógicas no uso de tecnologias educacionais. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 1, p. 107-126, jan./mar. 2021. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.13607
SOUZA, S. C. M. A formação docente: entre a regulação e a emancipação. Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 22, n. 00, p. e021003, 2021. e-ISSN: 2594-8385. DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v22i00.14898
WENCZENOVICZ, T. J. Ensino a distância, dificuldades presenciais: perspectivas em tempos de COVID-19. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 15, n. 4, p. 1750-1768, out./dez. 2020. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v15i4.13761
SANTOS CRUZ, J. A.; BIZELLI, J. L.; BIZELLI, T. V. Dossiê: escola no Brasil: tempo, espaço e pandemia. Revista @mbienteeducação, São Paulo, v. 14, n. 2, p. 280-290, maio/ago. 2021. e-ISSN: 1982-8632. DOI: https://doi.org/10.26843/v14.n2.2021.1122.p280-290
José Anderson SANTOS CRUZ1
José Luís BIZELLI2 Thaís Vargas BIZELLI3
The reality imposed by the new Coronavirus pandemic forced the whole world to take precautions, especially in the form of social isolation, to contain the severe health crisis generated by this disease that has already affected millions of people. To make possible the social distancing necessary to contain the virus dissemination, governments and nations took measures such as closing the economic, cultural, and educational activities, in addition to imposed lockdowns that barred all social activities, except those considered necessary.
As a result, schools all over the world closed their doors and students were forced to return to their homes. Seeking to avoid even greater impacts, especially in the educational system, exceptional measures were taken in the form of remote education adoption in all countries; although distance education already exists, in theory and practice, for a long time, there was never before the need for a complete replacement of the face-to-face teaching system by the remote system. The emergency adoption of these measures would show the great existing problems, exposing to those who wanted to see the inequality in all its extension, making excluded those who did not have access to the world computer network, to the Internet and to the Information and Communication Technologies. But there are also aspects of this new reality of isolation that can be taken as lessons to improve existing systems, whether they are educational or not (COSTA CARVALHO, 2021).
1 São Paulo State University (UNESP), Araraquara – SP – Brazil. Doutor em Educação Escolar, Faculdade de Ciências e Letras (FCLAr/UNESP). Orientador Colaborador ESALQ/PECEGE. Editor Adjunto de Periódicos e Assessor Técnico em Gestão de Periódicos Científicos. Editor responsável pela Editora Ibero-Americana de Educação. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5223-8078. E-mail: anderson.cruz@unesp.br
2 São Paulo State University (UNESP), Araraquara – SP – Brazil. Associate Professor, School of Sciences and Languages (FCLAr/UNESP); Postgraduate Program in School Education. FEPAE National Coordinator. CNPq Research Productivity Fellow – Level 2. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6634-1444. E-mail: jose.bizelli@unesp.br
3 São Paulo State University (UNESP), Araraquara – SP – Brazil. Doctoral student in School Education, School of Sciences and Languages (FCLAr/UNESP). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8127-5257. E-mail: thaiscontev@hotmail.com
Starting with the problems, of the many ills blatantly exposed by the pandemic and the social isolation, inequality among people became even more evident, because in much of the country and the world, access to online media now became a necessity, the basis of education, the only way to be present in the educational environment that, in Brazil, should be the right of all, as advocated by the Constitution of 1988 (WENCZENOVICZ, 2020). Thus, the inequality that was already glaring in the country shows its face when the structure of internet access in the country becomes an impediment to develop the activities of remote education, for its precariousness. Moreover, distance learning shows that there is still a great unpreparedness of teachers to work in digital media (DANTAS; CASTRO, 2020), and this is a result of a State policy that not only did not encourage the continuous development of education professionals, as it was increasingly limiting this sector with funding cuts, ideological attacks, political intimidation measures (such as filming of teachers and accusations of indoctrination, School Without Party etc.). The pandemic revealed all the fragility to which the Brazilian education system was exposed.
Amid the Pandemic's rampage in Brazil, the situation of teacher preparation for the adoption of a digital education environment also takes the spotlight. Teachers all over the country find themselves increasingly overloaded during the pandemic, having to adapt, in an almost entirely autonomous way, to the use of Information and Communication Technologies (ICT), a theme that is not widely worked in teacher training courses and that now became the basis of teachers' performance (SILVA; HESSEL, 2021; SOUZA, 2021). Thus, overwhelmed with developing more activities without the temporal limitations and spatial possibilities of the physical environment of the school, teachers still found themselves forced to upgrade the use of technologies, to acquire resources for access and use of the Internet, all this permeated by a lack of formative preparation and, in many cases, a total ignorance of possible methodologies to create an efficient and engaging virtual teaching, being able not only to provide education, but also to attract the interests of students, now exposed to an environment where distractions are constant and the demand for autonomy and self-sufficiency are huge (ROCHA; LIMA, 2021; ROJAS; MARTÍNEZ; VIVAS, 2021).
In addition to the unpreparedness of teachers, both in Brazil and worldwide, the limitations of the digital teaching environment, even though the online tools have developed and improved exponentially fast throughout the pandemic, also create barriers to the work in the classroom. Subjects such as music, physical education, art in general become extremely challenging (AKBAROVA et al., 2021); communication accessibility barriers make the concept of inclusivity, already very dear to educational debates, even more in evidence, raising
questions about: how to include students with disabilities in distance education? How to include in digital education the remote communities, peasants, indigenous, quilombolas etc. where access to the internet is precarious, when even it exists? (OLIVEIRA et al., 2021; ODARICH; SOFRONOV; SHICHIYAKH, 2021).
Even with all these issues and challenges to be overcome, distance education has proven to be a way to maintain the teaching and learning process and, even if far from ideal, it raises questions, discussions, and debates about the possibilities of this type of education, about the uses that this type of education could have even after overcoming the pandemic and the return of face-to-face classes. The thought about what we can take from learning in remote education to a scenario of post-pandemic also brings hope that new didactics can be developed, the concept of hybrid teaching gains prominence, the use of tools and ICT to facilitate and increase the teacher's work and also improve the absorption of content by students, all this poses in the future as a light at the end of the tunnel (FORTUNATO, 2021; MALGANOVA; DOKHKILGOVA; SARALINOVA, 2021).
If remote education will become a real educational possibility and supplementary/complementary to classroom work in the future; if after the access disparities are made public by the pandemic they will be addressed by governments; if it will be possible a specialization, a digital literacy for teachers and students in the future so that the use of ICT becomes increasingly natural (HEISEN; PAVÃO; PAVÃO, 2021); if the concern with humanizing and inclusive teaching methods will continue to be the focus of the development of debates in the field of education; and many other questions that continue to exist, some of which will be addressed in this dossier, which brings works of several national and foreign authors on the impacts of the pandemic and the adoption of remote education in the various education systems presented.
The first article of this issue, entitled Perspectives of the impacts and reflections of social isolation and the pandemic in higher education, discusses how the scenario imposed by the Covid-19 pandemic exposes the structural problems of Brazilian reality and further deepens the already great social exclusion and inequality existing in the country. Starting from an analysis of education and the new demands that are forced on an urgent basis both to institutions and to teachers and students, the article explores how, in addition to economic and social barriers, students and teachers are faced with a situation that, even without being prepared, they must face, trying, as best as possible, to overcome the various obstacles of accessibility, mental stress and unfavorable conditions for maintaining a quality education. Teachers are forced to assume new roles, increasing even more their working hours, to generate
extra motivation in students who are in precarious mental situations and poor access to communication technologies, even when they are also facing the problems and personal, social, professional crises etc., generated by the pandemic.
By forcing the displacement of teaching from face-to-face classes in schools and other institutions, the Covid-19 pandemic has created scenarios of working with education that need to be explored and worked on by educators and students so that there is a maintenance not only of quality teaching, but also of the welfare of students, who are forcibly separated from social interaction in the school environment and forced to study from their homes. Among the situations generated by isolation is the availability of free time, which is not yet properly included in the educational process, but could, through appropriate teaching strategies, become a useful time in the teaching-learning process and a factor of well-being for students. The study Didactic strategies in the use of students' free time in the Covid-19 pandemic (teachers of the Talca Basic School, Maule Region, Chile) addresses, through the view of interviewed teachers, how they are dealing with this issue and what didactic strategies can be developed for a better use of free time that exists outside the virtual classroom hours.
Around the globe, the daily lives of everyone have been greatly affected by the measures imposed to contain the Covid-19 pandemic: although everyone has been affected, the most vulnerable people are those who are, and were even before the isolation, in precarious socioeconomic conditions, a precariousness that has only been aggravated by the global health crisis, causing, in addition to financial and social problems, greater difficulty in creating future prospects and life planning for an improvement in the conditions of existence. This theme is explored with a focus on Chilean students belonging to families who depend on seasonal agricultural work in the article Technological education and entrepreneurship from the perspective of students regarding pandemic times in Chile, seeking to verify through their views how the teaching of technological education can contribute to an increase in self-esteem and to create a more entrepreneurial vision, which allows these students to seek living conditions different from those in which their families live.
The next article in this issue, Manager's motivation in the teacher's educational praxis in times of Covid-19 pandemic (Santiago Amengual Sports School, Antofagasta Chile), addresses the issue of how managers of educational units have an important role to play, especially in the face of the challenges imposed by the current situation of social isolation, as they are able to promote the construction of a more inclusive teaching environment for both teachers and the entire educational community, which allows teaching to go beyond the barriers of the classroom, contemplating the students, who will be formed new citizens, so that they
have a better quality education. The study is based on a questionnaire instrument with Likert scale and technical validation of experts to evaluate it after being applied to educators of the educational institution in question.
The word Educating in pandemic times: is it something possible? brings a perspective of the challenges that teachers and the education system needed to face with the arrival of Covid-19 and the changes from face-to-face to isolation and remote as a result. In addition to demonstrating how this process of coping and adaptation challenged teachers, students and institutions as a whole, highlighted the terrifying discrepancies existing between social classes, it also makes notes towards a more hopeful future, drawing lessons and learnings from the period of pandemic isolation, especially those that showed that in a scenario of forced isolation, personal, face-to-face contact is still very necessary, for the development not only of the learner and educator, but the person as a whole. Despite the lessons learned, many times in confrontation with discourses focused on the economic factor in an almost blind defense of remote education, the article also points out that the challenges of the pandemic will be succeeded by post-pandemic challenges, of a resumption of face-to-face teaching and of human contact as an essential activity for the formation of the person, of the citizen.
Although remote education already exists, both as practice and as theory for many decades, its implementation in a comprehensive way was never actually planned or even expected: the scenario created by the coronavirus pandemic forced this teaching method to be implemented in a comprehensive and urgent way, without any preparation in fact; institutions, students, teachers, the entire school community was caught by surprise and had to adapt to this new reality, which although temporary, has lasted long enough. This affects especially the basic education, an area of education that had not been in fact so worked, even in theory, for the application of remote learning. The burden of this unpreparedness and urgency of application, in most cases, falls directly on the teacher and students, who must organize and adapt to new routines and features without a drop in the quantity and quality of education. Glimpsing the challenges and unrealistic expectations placed on the education systems and teachers, in particular, the article Distance learning: e-learning in pandemic times problematizes the way this system is built and, also, projects the way this will deconstruct and how many new challenges and charges will be, once again, deposited on top of teachers and students, so that the ‘lost’ time is compensated in record time, so that the leftovers of a forced and unprepared application of a new teaching methodology are not visible.
When dealing with the virtual reality imposed by social distancing, within education, the question of how digital technologies are and can be used becomes of great relevance. In a
context of children and adolescents' literacy, the digital support may prove to be a great ally in the development of these students. The paper Reading practices and digital literacy of children and teenagers in the Covid-19 pandemic discusses the implications of this moment in the development of digital literacy activities and practices. The authors analyze the ways that this manifests itself, especially in games, online classes, and social networks, and point to the little relevance given to digital books by students, as well as the little presence of subtitled movies in the family environment. Through a questionnaire applied to students from 7 to 17 years old and their families, the authors point out how the practices of use of digital technologies of information and communication have become more extensive and, in addition to serving as a support for the development of reading and literacy, they have also become one of the main forms of transmission of culture nowadays.
Among the various adaptations that needed to be made for an adaptation to the pandemic context, the use of virtual communication tools as intermediaries of the teaching process stands out; among the tools that were used in this process, the article Remote classes in pandemic: WhatsApp as a teaching tool in Davinópolis/MA analyzes the use of the messaging application WhatsApp. Although the study is restricted to one location only, it is revealed that there is a difficulty in adapting teaching practices, accompanied by an even greater overload of the teacher in this scenario, all this accompanied by a need for the student to become more autonomous and protagonist of their study, along with the need for the family to also take part in this process, which can generate difficulties in teaching, such as gaps in reading and writing developed by these students. In addition to these points, the paper also shows the need for the development of public policies that help the development of teaching activities in this period, so that there is not such an overload in the teaching work and to maintain the quality of education.
The paper Basic education in rural schools in the pandemic context: remote teaching for whom? sheds light on an important debate within the context of remote education, something aggravated by the condition of inequality experienced by Brazil, where there are still rural schools that do not have access to the internet and that serve peasant students who are also excluded in the issue of access to digital technologies. Amid the already many challenges imposed by the pandemic, among them the attempt to keep education working by the remote method, which even within urban settings already evidenced the existence of major obstacles and difficulties, when analyzing the field environment, these obstacles, due to a lack of planning of municipal administrations, the closing of schools and the lack of access to the internet network, become practically insurmountable, creating giant barriers for the inclusion of the
rural population in the emergency process of remote education, which only increases even more the existing educational inequalities in the rural environment.
Even before the pandemic, the issue of inclusion was already becoming the stage for major debates, especially within the field of education. With the isolation measures and the cancellation of face-to-face classes in favor of a remote education system that respected the health measures without allowing education to stop as a whole, new debates emerged, or new fields for existing debates, such as the inclusion of students with ASD in the education system. Bringing a case study that occurred in Cascavel-PR, the article Report of teaching experience in remote education during the pandemic with a subject with Autism Spectrum Disorder (ASD) shows, through a qualitative approach, how it is possible that the inclusion in an educational praxis in isolation context can occur positively. In addition, the authors also point out the need to think about an inclusive education, even during the pandemic, which favors humanizing experiences for subjects with disabilities.
The school environment goes beyond the classroom itself, allowing the socialization and coexistence of students of all ages in an active social environment, which can be very stimulating for the satisfactory development of children and adolescents for life in society. In line with this thought, in the article Children and adolescents and the challenges of educating during the pandemic, a discussion is made about the impacts that the lack of social experience and a school routine can have on students of all ages, pointing out the challenges imposed by the pandemic and how overcoming most of these challenges, in the form of remote education, is not able to meet many students, largely due to economic inequalities of the population, which culminate in inequalities of access to education. Recalling that the reality of Brazilian education and the size of the extra challenges encountered during pandemic times are dictated by political decisions, the authors point out that even with all the mishaps present in this reality there is a great deal of knowledge that can be acquired in this period and used to minimize the effects that the closing of schools, for containment of the health crisis, can bring about.
The article Covid-19: educational, digital, and social exclusion shows how the virtual world is increasingly present in all human spheres, whether mediating social, financial, cultural, friendly, informative relationships etc., which ensures this virtual existence a great relevance in a general context and in the academic context. All this headed by the Internet, which shows a facade of integration and global proximity, but even so it becomes a factor of strong exclusion, which invisibilizes and excludes a large part of society from this virtual world. Due to this level of relevance occupied by the Internet and by digital communication and information technologies, in times of pandemic, this virtual medium acquires even more relevance and
becomes not only an optional instrument of experience and cultural and social access, but also a tool for the execution of public policies, such as education. Facing this new pandemic reality that demands a virtual coexistence while respecting the imposed social distancing, the inequalities and exclusions made by the access to these media become blatant, and it becomes evident the exclusion of a large part of the population of this world and the unpreparedness of governments to deal with this new reality, to ensure an equal access to online media for all. The article points to the urgent need to develop public policies that seek to remedy this digital exclusion and disparities in access to this virtual world, which is an increasingly large part of the real world.
The last article of this issue, entitled Interfaces between education and cyberculture: human relations and the digital connection transversality, puts into question how human relations are constituted in the face of the ever-increasing expansion of digital connectivity, especially in the context of education. In approaching this theme, the authors focus on the concept of cyberculture and its educational interfaces, how this connection could be analyzed in a principle of construction of a subjectivity able to understand the digital connections in the human processes of teaching and learning, generating demands for us to become more capable, more literate in this digital media, making us, thus, more able to deal and interpret the flows of information and knowledge of all kinds that are provided to us in an ever increasing and more continuous way. Thus, the authors seek to show how there are great possibilities of democratization of knowledge, which can be a great ally of education, but this requires that, increasingly, human beings adapt and improve to deal with this new way of building their subjectivity.
Thus, we present several faces of how society is forced to fight with and against a new digital reality imposed by the pandemic, a reality that presents great possibilities for innovation, adaptation, realization of ideas previously left in the background, but all permeated by obstacles, challenges, inequalities, and exclusions. In a country as different as ours in relation to the rest of the world, these problems can take on Herculean proportions and yet, many times, supported by thoughts of hope: focusing on what can be learned during times of difficulty, one looks to the possibility of overcoming in the future, both the pandemic and the discrepancies and unpreparedness for living in a digital world.
The experiences lived in recent years of facing a health crisis of unprecedented proportions in modernity made many doubts arise, and the choice of an interpretation that the phenomenon would be transient or that the best strategy would be to recover the probable losses made 2020 and are making 2021 an immense laboratory that moves to answer the question:
“Can an unequal country, with historically constructed problems, subject to the ills of structural misgovernment, have an Education that helps to free itself from the past and build a new future?”.
The editorial team wishes everyone a nice reading.
AKBAROVA, G. N.; DYGANOVA, E. A.; BATYRSHINA, G. I.; ADAMYAN, A. Z.
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